quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Fui parar ao caixote do lixo

A vida é triste e a minha é um exemplo disso.
Há uns dias, julguei estar no paraíso. vi Vénus, a deusa do amor. Mas que mulher mais bela! Ela sim, é a prova viva de que Deus existe!
Esta Vénua chama-se Sara e trabalha no bar da esquina.
Nesse dia, Sara estava diferente do habitual. Usava umas calças de pele pretas, justas à perna, que lhe definiam a sua belíssima silhueta. Vestia um top vermelho, com um decote tentador. umas botas grosseiras de salto alto e o cabelo preso.
A sua pele branca de bebé realçava os seus olhos verdes, com maquilhagem muito leve.
Deusa é pouco para a definir!
A maneira como caminhava, como compunha os cabelos que iam escorregando, como punha os óculos de sol... arrepiava, eu juro.
Cruzou-se comigo. E a brisa que provocou cheirava a rosas.
Foi demais para meu coração e eu cedi.
Corri para aquele sol quente, agarrei-lhe o braço e beijei-a. Beijei-a profundamente. E ela não recusou.
Esqueci-me de quem sou, de como respirar. Mas alguém ao fundo da rua, berrava, grosseiramente.
Apenas me apercebi de que os berros se dirigiam- a mim, quando Sara me sussurrou ao ouvido para eu fugir.
Mas já era tarde.
O seu noivo agarrou-me pelo pescoço, esbofeteou-me e pontapeou-me. De cabeça, fui parar ao caixote do lixo.
E durante horas não me importei de lá estar.
Fui parar ao caixote do lixo, mas com a prova nos lábios, de que o homem é capaz de deixar a sua marca perante Deus.

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