Fantástico. Impossível. Inacreditável. Quando era criança questionava-me sobre o funcionamento de um computador. Como é que acendia todas aquelas luzes brilhantes; como nos assustava com aqueles barulhos irritantes sempre que entrávamos em páginas proibidas. Ou como era capaz de guardar as palavras-chaves de acesso às pastas do irmão mais velho; ou todos os nossos trabalhos: como é que lá ficavam depois de se desligar? Como é que tanta, mas tanta coisa cabia naquele velho paralelepípedo branco, que sempre que o ligava mais parecia uma sirene?
numa noite, ao tentar adormecer, lembrei-me de todas estas dúvidas que povoavam a minha mente inantil. eram, de facto, infantis, mas agora, se me fizerem todas aquelas perguntas também nao sei responder. fechei os olhos.
hoje acordo e vejo-me rodeado de anões. centenas deles.
Todos trabalham arduamente. Em marcha, e em movimentos iguais, uns guardam CDs do tamanho de um dente; outros estão em frente de ecrãs gigantes, onde se visualiza a imagem do meu irmão, com um olhar embevecido, sabe-se lá em quê; outros movem-se por entre prédios gigantes, ao que chamam de "motherboard".
sim, estou dentro do meu computador. mas hoje, estou no meu dia livre.
Estou numa sauna, chamada de "Ventoinha". Estes banhos de ar quente relaxam-se por completo.
lá em baixo, a campainha de emergência toca. um vírus entrou no sistema e poderá danificá-lo todo se nao for removido com antecedência.
Mas eu nao me importo. Enquanto aqui estou, nao ouço os choros do meu irmão, que diz à minha mae que lhe estraguei o computador.
Ana Francisca Morais, 9ºA

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